1.30.2009

Filmes em Janeiro/2009

Bom, esse blog está oficialmente de volta à ativa. Primeiro porque não queria completar um ano sem postar nada aqui. E segundo porque uma das minha resoluções para o Ano Novo era documentar melhor os filmes que vinha assistindo. Afinal, em 2008 redescobri o cinema, talvez por culpa principalmente da crise que a televisão viveu. Todos os comentários serão breves e compilados de mês em mês. Assim que um novo filme for assistido (ou seja, normalmente não incluirei revisões), vou atualizando o post e colocando no topo.
A maioria são impressões pessoais e algumas ideias até servem apenas como lembrete pessoal. Mas vou colocando aqui, e espero também arrumar tempo para falar mais da cultura pop como um todo.

O Nevoeiro, de Frank Darabont (The Mist, 2007).

Resolvi assistir depois de ler tanta gente falando bem. Também não vejo como discutir que Darabont faça adaptações pelo menos agradáveis das obras de Stephen King. Mas esse seu último filme acaba esbarrando em tantas cenas desnecessárias e um final tão absurdo que não vejo o porquê de tantos elogios rasgados. A apresentação dos personagens é boa, estabelecendo um conflito interessante entre o protagonista e seu vizinho, enquanto Marcia Gay Harden vem ganhando espaço pelas beiradas até chegar a ser quase a principal personagem. E ela impressiona. A representação da América pós-9/11 dentro do supermercado (expressão de consumismo) também fica bastante clara, com o medo predominando e todos partindo para as mais diversas posições radicais. Mas o que é frustrante mesmo é como Darabont tem um trunfo nas mãos, o misterioso nevoeiro, e prefere fazer uso dos artifícios mais baratos para criar terror. Fiquei surpreso logo de cara com os tentáculos (sério? tentáculos?), mas logo há uma manobra que cria grande parte do suspense no filme, com as tentativas de alguns em fugir de qualquer maneira do supermercado e sendo "consumidos" pelo nevoeiro. Depois disso, desastre. Em situações dignas de "Mutação", os personagens fogem de tudo quanto é monstro fantástico, até pterodáctilos. E o que dizer do final? Confesso que tentei não rir do polêmico final, mas assim que a primeira mulher a tentar a sorte no nevoeiro reaparece sã e salva ao lado dos filhos, só ficou faltando mesmo ela estar com um sorriso sarcástico no rosto. Será que Darabont se divertiu em condenar seu protagonista por ser um humano e, como tal, ser teimoso a ponto de não enxergar nada além de sua própria posição? Sério, se era para enfatizar que nós somos os monstros dessa história, preferia um final feliz em que David revelasse que era um gafanhoto roxo fantasiado de humano...

Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas (Linha de Passe, 2008).

Uma família da periferia de São Paulo, comandada por Dona Cleusa, empregada doméstica e mãe de quatro filhos. Nenhum dos pais é sequer citado, a não ser na busca incansável do caçula Reginaldo, pulando de ônibus em ônibus pela cidade. Mas essa não é a razão para viverem naquela situação, já que muita coisa daquele meio bate à porta de sua casa: a criminalidade, a pobreza, a falta de oportunidades, o preconceito. A família permanece unida, apesar de suas óbvias diferenças, e sem precisar expor isso através de um "álbum de fotos".
Mas a história como era de se imaginar, acompanha os caminhos do futebol. Como a "linha de passe" presente no título, as personagens precisam de pé em pé chegar ao seus objetivos sem perder a bola para o adversário. E mesmo sendo chamado de fominha, a grande verdade é que a vida não dá chance para pensar no coletivo. Assim a família se divide, cada um buscando seu próprio caminho, seja na fé -- numa relação interessante entre a torcida e o culto evangélico -- ou nas formas mais tortuosas de se ganhar dinheiro.
E toda essa incerteza tenta encontrar-se no final, quando Reginaldo resolve ele mesmo conduzir seu ônibus, deixando de ser passageiro, e procurar um rumo para todos os outros familiares, presos então, em encruzilhadas: o pênalti, mais um nascimento, a desilusão e o fracasso. Uma beleza de final.

O Curioso Caso de Benjamin Button, de David Fincher (The Curious Case of Benjamin Button, 2008).

Basta ler o conto de Fitzgerald para perceber a dificuldade que seria transformá-lo num roteiro. Nesse ponto, acho que o filme tem seus méritos. Principalmente porque mesmo sendo longo não é nada cansativo, já que gradativamente a história vai ficando mais cativante. Confesso até que a última hora poderia existir por si só, ou talvez com a adição do encontro de Benjamin com seu pai. Não que as outras personagens (tirando o alívio cômico do homem-raio) não fossem interessantes, mas prestam pouca ajuda para o caso de Benjamin. E fica com cara de Forrest Gump. Enfim, acho que Fincher encarou esse projeto atraído pelo dinheiro, porque em nada lembra seu estilo de filmes anteriores. Também me incomoda o tom "amadeirado" da obra, que chega a ser um pouco cansativo (e nada criativo). Já tecnicamente, o filme é realmente brilhante e merece todos os Oscars que disputa, mas por conta disso senti que as atuações parecem ficar em segunda plano, atrás de uma grande camada de maquiagem. Não assisti a todos os indicados ao Oscar, mas confesso que esse seria meu favorito se a parte do acidente de Daisy não fosse arruinada por Fincher. Era tão belo como Benjamin descreve o pré-acidente, tudo que poderia ter sido mudado, como se ele não tivesse a coragem de descrever o que realmente aconteceu. E Fincher vai lá, no final, mostrar a pobre garota sendo atingida e jogada ao chão. Faça-me o favor!

A Bela Junie, de Christophe Honoré (La Belle Personne, 2008).

Gosto dos filmes do Honoré, pelos personagens com paixões à flor da pele, sem tentar coibir ou mesmo marginalizá-los. Mas com certeza esse é meu filme favorito porque na figura da bela Junie, o autor cria um obstáculo para esse seu mundo, deixando o roteiro bem mais complexo. A paixão continua como guia, mas agora além de aproximar as pessoas, pode também afastá-las. E nada mais interessantes do que inserir isso no ambiente de um colégio francês, em que os adolescentes lidam com sua própria inconstância. Antes do clímax, Honoré ainda desenvolve um incrível "nó" no seu roteiro, que além de dar início a uma nova história, consegue criar um empasse entre as personagens. Desde já meu filme favorito do ano.

3 comentários:

Hélio Flores
27/01/2009, 16:57
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Welcome back!

Acho que nao sao apenas as atuações que ficam em segundo plano em Benjamin Button. A impressao é que o Fincher QUASE perde as estribeiras, um tanto maravilhado com suas possibilidades tecnicas. Ele ja havia se empolgado bem mais do que devia com O Quarto do Panico e so é perdoavel em Clube da Luta pq o filme exigia aquela esquizofrenia toda mesmo. Mas o homem ainda sabe narrar, enquadrar, deixar a historia respirar um pouquinho. Mas foi por pouco... Agora, odeio as comparaçoes com aquele filmeco Forrest Gump. Semelhanças na estrutura do roteiro, sim. Mas é só. Mas fala que aquela sequencia final nao é pavorosa? Acho que foi exigencia de produtores. So pode.

Quero rever Linha de Passe. Gostei tanto enquanto via, e agora quase sumiu da memoria...

E A Bela Junie nao tem legenda por aí? Va la no cinema rever com papel e caneta na mao e anota as falas todas, por favor. :P

Hélio Flores
09/02/2009, 09:51
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O Nevoeiro, pra mim, foi surpreendente pela narrativa tao bem construida naquele crescendo de suspense e violencia. No inicio, estranhei os tentaculos, mas a aura de filme B foi muito bem instalada. Adoro aquela invasao de insetos voadores e toda a violencia da sequencia (e a visita ao bar do lado tb). O que me incomodou foi o maniqueismo do Darabont em nos fazer vibrar com um tiro na cabeça de alguem. Acho que tal manipulação de sentimentos (para sentirmos odio mortal por personagens) so vi assim recentemente em Battlestar Galactica.

Ja o final, eu tb ri. Mais por conta das atuações, especialmente o protagonista. Aquele cara é MUITO ruim. Mas é questionavel a moral. No fundo, o que fica é que a personagem de Gay Harden estava certa, morreu como martir. O Nevoeiro é um filme evangelico!

Mas admiro o Darabont pelo final. Nao é o mesmo do livro e ele brigou com produtores pra mante-lo.

Abços!

Anônimo
26/12/2009, 00:51
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O Nevoeiro nunca será um filme evangelico, pois traz uma mensagem completamente diferente da Palavra de Deus (A Biblia) em parte alguma da Biblia diz q Deus é vingativo e q ira nos punir pelos nossos pecados.... A Sra Carmody (a fanatica do filme) demonstra uma versao inversa da palavra de Deus. Deus é um pai misericordioso e bondoso, q sempre stara do nosso lado qdo precisarmos, dpend d nós o buscarmos.