11.20.2007

James Murphy is Playing At My House!

LCD Soundsystem @ Via Funchal

Eram dez horas quando Axel Willner começou a comandar as pick-ups a frente de um Via Funchal vazio, com no máximo 300 pessoas. E a falta de público aliado ao som minimal do projeto The Field fez com que poucos se empolgassem com a abertura. Seu dj set passeou por algumas músicas de seu excelente álbum From Here We Go Sublime, como o hit "Over The Ice" e uma versão de "The Little Heart Beats So Fast", assim como sua própria interpretação de outros artistas, como "Heartbeat" da Annie. No final, depois de ser avisado algumas vezes por um dos assistentes do LCD, Axel fecha sua apresentação com sua versão para "Hera" de Gui Boratto.
Depois de meia hora, o LCD Soundsystem entra em cena já tocando "Us V Them", apenas com seus intrumentos à beira do palco e um globo no centro. A proximidade com que a banda fica do público dá um cárater bastante intimista à apresentação, coisa que o Coldplay, em sua passagem no começo do ano, não conseguiu trazer. O próprio James Murphy entra e, já sendo ovacionado pelo público, avisa: "The time has come today". A mistura de momentos de calmaria com apoteóticos foram um excelente aquecimento para que viesse logo na seqüência "Daft Punk is Playing At My House", colocando todos que ali estavam para dançar.
Mesmo que tenha me surpreendido a versão ao vivo para "Tribulation" (não sou grande fã do primeiro disco), ou as acrobacias percussivas de "Yeah" aliadas ao incrível nível agudo que alcança a voz de James Murphy, ou o encerramento com sua declaração de amor (e de decepção) a NY com "New York I Love but You're Bringing me Down", nada supera o momento sublime sentido em "All My Friends". Numa linha simples de piano junto a uma insistente seqüência de baixo e bateria, a voz de James Murphy vai construindo um hino que ecoa por todo o Via Funchal e atinge uma grandiosidade incrível com o público inteiro cantando em uníssomo. A grande ironia é que tudo isso é, na verdade, uma canção sincera de um único cara. A melancolia de crescer, contemplar sua vida e perguntar-se onde estão seus amigos. Tudo não deixa de ser as conseqüências da vida jovem e o desejo de mudar ao dar de cara com a vida adulta ("I wouldn't trade one stupid decision for another five years of lies.").
Uma pena que apenas uma pequena platéia de terça-feira em São Paulo pode presenciar a banda em sua melhor forma. Com seu estilo longe de parecer uma grande astro, James Murphy despediu-se. E depois cada um dos outros membros fazem o mesmo, mas não sem antes atingir a apoteose caótica do final de Sound of Silver. Parafraseando o álbum do The Field: dali seguimos sublimes!

Foto: e.fuzii

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