12.31.2009

Filmes em Novembro/2009

No Meu Lugar, de Eduardo Valente (Idem, 2009)

Apesar de abordar o tema recorrente da violência inexplicável no Rio, o filme ganha em complexidade pelo uso dessa estrutura de multiplot. Não da forma que estamos habituados a ver, já que esses personagens não se cruzam no decorrer do filme, apenas no crime propriamente dito, seu ponto crucial. Mas mesmo assim, não existe por assim dizer um encontro físico, apenas psicológico. Seguem-se então três tramas distintas, situadas até em tempos diferentes, com um certo distanciamento que garante todos esses contrastes da sociedade e o desentendimento entre as partes. Fica registrado o desconhecido na sacada que dá de frente para a favela ou pelos objetos deixados na cena do crime. Uma pena que nessa análise mais abrangente e aleatória da situação perde-se também a chance de "sentir" esses personagens. Isso sem falar na irritante inserção por repetidas vezes da mesma trilha sonora intrumental por grande parte do filme.


500 Dias com Ela, de Marc Webb ((500) Days of Summer, 2009)

Se tivesse de definir em uma só palavra, diria que é um filme prático. Isso porque Tom já começa a história trazendo consigo sua própria definição de amor ideal e caminha pelo filme todo até ter seu conceito reforçado. De certa forma, como Marc Webb é conhecido pela direção de vários videoclipes, seria uma ideia bacana se fosse concluída em 5 minutos, mas acaba prolongada por mais 85. E o pior é que nem com todo esse tempo sobrando, os personagens deixam de ser rasos. Temos os amigos de Tom, por exemplo, que precisam se apresentar e deixar bem claro quando e como conheceram o protagonista. Se não fosse por isso, ou nem saberíamos quem são, ou passariam batidos como simples figurantes para que o personagem não falasse sozinho.
Esse excesso de explicação, como se quisesse te conduzir e dizer aquilo que é "importante", é com certeza o que mais me irrita no filme. Poderia citar várias cenas, mas pra manter a concisão, darei o exemplo de apenas dois desses recursos. O primeiro é aquela sequência em que Tom vai ao apartamento de Summer e a tela fica dividida em duas, mostrando suas expectativas de uma lado e a realidade de outro. Numa sutil ofensa, o diretor parece subestimar seu público (ou até o ator) achando que mostrar as frustrações de Tom durante a festa não seriam suficientes para causar impacto. Outro exemplo é o constante uso daquele contador toda vez que a história vai sofrer uma mudança temporal, como se já não fosse inútil o suficiente esse recurso de contar a história fora de ordem. Fora que todas as vezes que o contador aparece, uma pequena animação também já te adianta quais serão as motivações de Tom e como o espectador deverá reagir à cena. Nem mesmo a fofura de Zooey Deschanel consegue salvar o filme do desastre, provando que Summer sozinha não faz verão. Pois é, fica aí minha homenagem ao trocadilho mais cretino dos últimos tempos no cinema.

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