6.30.2009

Filmes em Junho/2009

Há Tanto Tempo Que Te Amo, de Philippe Claudel. (Il y a longtemps que je t'aime, 2008)

Parece que esse mês estive mesmo "condenado" a assistir melodramas de todas as partes do mundo. Uma pena que nessa estreia de Claudel na direção, ele não consiga deixar sua linguagem literária de lado. O problema do filme é ele ser essa sucessão de acontecimentos "página a página" até chegar no seu cômico final. Não que seja ruim pelo formato, mas algumas cenas que são claramente importantes na trama, acabam sendo um desastre no seu desenvolvimento -- entre elas, a irritação com Raskolnikov e a discussão entre o casal sobre o que ver no cinema. Não chego a dizer como muitos que o final é uma "trapaça", só não vejo sentido nenhum em fazer um filme tão dependente desses minutos finais e decepcionar desse jeito, tanto por não ser convincente como pela solução digna de novela das 8. Ainda fico com a impressão de que não era preciso esconder esse segredo se Kristin Scott Thomas brilharia do mesmo jeito.


Tempo de Despertar, de Penny Marshall. (Awakenings, 1990)

Não lembrava desse filme até começar a assistí-lo. Também não lembro se De Niro e Williams dividiram alguma outra vez uma mesma cena. Pois eles deveriam, já que o filme é completamente dependente do talento dos dois atores. O despertar consegue mesmo emocionar porque De Niro mostra uma tremenda simpatia. Apesar dessa história ser clonada diversas vezes depois, em grande parte conseguindo indicações ao Oscar, não deixa de ser interessante depois de tanto tempo.


Apenas o Fim, de Matheus Souza. (Apenas o Fim, 2008)

Não consegui vê-lo na Mostra de SP no ano passado e depois de tanto oba-oba, fiquei bastante apreensivo. Esse negócio de dizer que um filme representa uma geração não está com nada. Até que fui ver o filme, e de fato, muita coisa da minha própria vida vinha à tona cena após cena. Parece apenas um passeio pelas dependências da PUC, intercalado com flashbacks de conversas do casal, mas é cheio de vida e de relações que você encontraria em qualquer faculdade. Ele é um nerd qualquer, que não consegue lidar com seus sentimentos e precisa fazer piadinhas e falar compulsivamente pra manter a pose. Ela é uma patricinha carioca que de repente não aguenta mais a pressão e decide fugir, mesmo sem saber o porquê. Os dois cursam cinema, o que já é por si só a maior das ironias. Apesar de algumas cenas não funcionarem -- ainda quero entender o sentido da participação do Adnet --, o filme é cheio de acertos no retrato dessa tal geração. Há quem faça o triste trocadilho que esse é apenas o começo de um novo cinema, mas o que vale a pena saber é que existe gente interessada em ir além das cansativas produções que reciclam a "importância" do cinema nacional.


A Partida, de Yôjirô Takita. (Okurubito, 2008)


Se tem gente que reclama dos melodramas mexicanos é porque talvez nunca tenha visto uma novela japonesa. Além da já tradicional tentativa de emocionar a qualquer custo, a cultura oriental sempre envolve ideias espiritualistas (como reencarnação) em suas histórias, o que seria um motivo pra afastar ainda mais o público. A própria premissa do filme já seria de assustar qualquer um, com o rapaz desistindo de seguir sua carreira na música e passando a (acidentalmente) se dedicar a preparar corpos para funeral. Apesar de ser uma tradição na cultura oriental, é interessante como as próprias personagens que cercam Daigo não entendem isso como uma forma digna de viver, já incorporando assim todo o nosso preconceito. Ainda que todo o filme seja conduzido com uma leveza admirável, com situações cômicas e cheias de expressividade, ele não consegue ir muito além do melodrama tradicional, onde só de mostrar a rejeição de Daigo por seu pai já antecipa os acontecimentos que viriam no último ato. Mas acreditando ou não na vida após a morte, serve de reflexão pelo processo de transformação de Daigo enquanto aprende a lidar literalmente com a morte.

1 comentário:

Hélio Flores
07/07/2009, 09:22
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To ate desistindo de tentar ver este filme japonês, que chega mes que vem em dvd. Depois de algumas criticas negativas, ia ve-lo somente se vale a compra. Parece que vale, ne? O povo adora porcarias...

Tb perdi Apenas o Fim na Mostra. Se nao me engano teve umas duas sessoes no inicio e depois sumiu. Esperar o dvd agora... ou o torrent.

Esse Tempo de Despertar é um grande sucesso de locações ate hoje. Vi quando adolescente, nao me impressionou e nao lembro de mais nada. Acho que nao tenho motivos pra voltar a ele.

O francês, vc consegue mesmo parecer que é um desastre total, ne? Mas qual o problema com novela das 8? :P

Abços!