The Rapture @ Planeta Terra Festival
Desde sua última aparição em terras brasileiras, na edição exclusiva do Tim Festival no Rio de Janeiro em 2003, foram quatro anos de espera e um novo disco lançado, o ótimo Pieces of the People We Love. Fazendo ainda turnê desse álbum, The Rapture veio como grande atração desse festival para fechar o palco "Indie Stage". Obviamente, eles não decepcionaram e quem viu, já que concorria no mesmo horário do Devo, considerou esse como o grande show do festival.
Já passava da meia-noite quando de forma discreta a banda entrou no palco e começou tocando "Down For So Long", que não podia ter mensagem melhor do que seu refrão "I've been searching so long". Matt tem uma segurança incrível enquanto Luke acompanha mantendo a dinâmica dos vocais. Logo depois, Gabriel troca os cowbells e seu teclado pelo inseparável saxofone (ele inclusive entrou e saiu com o instrumento, como se fosse de estimação) e vai a frente para tocar "Get Myself Into It". Sua dancinha lembra mesmo o andar de um avestruz, como li num site há algum tempo atrás (e não lembro qual para colocar como referência). A voz "rasgada" de Jeff é mostrada pela primeira vez e toda as suas perguntas parecem ecoar no galpão em que estava o "Indie Stage". E viria mais porque num transição sutil, com Matt aumentando a inconfudível linha de baixo, chegamos a "Sister Saviour" e os gritos de "Heee-eey!" eram repetidos por todo o público. Daí seguiram as ótimas "Killing" e "The Devil" que mantiveram o público animado.
Mas foi na contagem das baquetas de Vito Roccoforte que todos fãs já estavam pulando ao som de "W.A.Y.U.H.", o grande hit de Pieces of the People We Love. Sua melodia com tendência funk, não deixou ninguém ficar parado por um segundo, contrariando o refrão que diz que as pessoas não dançam mais. Para quem pensava que depois disso teríamos uma breve pausa, logo em seguida Gabriel abandonou novamente os teclados e levou seus cowbells a frente, tocando no ritmo que levou todos ao delírio. Era "House of Jealous Lover", o grande sucesso de The Rapture, e é claro que o público inteiro acompanhou os gritos "Get Doooooown!" de Luke e a contagem de Matt. Impressionante como uma simples música carrega todo aquele movimento dancepunk do começo do século (os anos de 2002 e 2003 mais precisamente), toda a importância do DFA e, claro, a cidade de New York. Depois disso, "Echoes" que dá nome ao primeiro disco e "The Sound" do segundo. Na última música antes do intervalo, Matt assume os vocais e canta transparecendo um grande compromisso com "Pieces of The People We Love", interpretando e apontando para o público.
Após alguns minutos a banda volta para o bis, com a motivadora "Don Gon Do It" na voz de Luke. Uma de minhas músicas favoritas, com um espírito fantástico para iniciar um disco. O público seguiu a seqüência de palmas e segurou a nota durante o "Hiiiigh". Então, Matt sai de trás dos teclados e assume "First Gear" até que, depois de uma breve pausa, Roccoforte e Gabriel disparam "Olio" e sua bateria eletrônica. No desfecho, Luke canta enquanto Matt ensaia sair de palco e voltar para concluir a música. Sem muito papo, os quatro agradecem e vão saindo um a um. O público ainda meio confuso também abandona o galpão com a certeza de ter visto um excelente show.
No mais, foi um festival praticamente impecável. Segurança, iluminação, limpeza, acesso a banheiros, preocupação ecológica. Tudo contribuiu para a boa receptividade do público. Os shows ficaram concentrados no galpão da "Indie Stage", que lembra muito as estruturas do Espaços das Américas (inclusive o som, infelizmente), e no palco ao ar livre e tenda semelhantes aos do Skol Beats, O único problema era que para não influenciar no som de um ao outro, as distâncias entre os palcos acabavam sendo grandes demais pelos horários próximos de uma atração e outra. Claro que é isso que se tem pelo preço cobrado pelo festival, mas seria interessante até para os artistas que não se limitasse tanto o público. Outros shows que consegui ver:
• Datarock estava com um som horrível e como não sou fã, resolvi circular.
• Jon Carter estava com um set bem bacana até onde ouvi e tocou até "Steady as She Goes".
• Lily Allen estava bêbada e um pouco "aérea". Usou de muitas covers no começo do show, entre elas uma versão "reggae-power" pouco inspirada de "Everybody's Changing" do Keane. Ironicamente, foi numa de suas próprias músicas, "Not Big", que ela esqueceu a letra e teve de acompanhar cantarolando. Ela justificou dizendo que não fazia shows há algumas semanas e esse era o último de sua turnê, ou seja, ela veio aqui mesmo para passear e acompanhar o namorado.
• Cansei de Ser Sexy reencontrou o público brasileiro! Okay, eu já li isso em trocentos sites. Mas a maturidade que a banda demonstrou é incrível. Lovefoxx bastante empolgada com o público (embora o ajuste de seu microfone não ajudasse a estabelecer qualquer tipo de comunicação), ensinando coreografias e tudo mais. Até uma das outras garotas, que parecem tão tímidas, agradeceu subindo na bateria. Não sou fã do som deles, mas tive de aplaudir a perfomance no palco, principalmente porque é bem engraçado ver a Lovefoxx conversando com o público em português após as músicas cantadas em inglês.
• Kasabian entrou ligeiramente atrasado, mas foi bom porque tocou tudo que eu queria ouvir em apenas trinta minutos. Assim como The Rapture, a química entre os vocais é ótima, e depois de "Reason is Treason", "Empire", "Cutt Off" e "Processed Beats" já estava tomando meu caminho para casa.
Fotos: e.fuzii
0 comentários: