11.14.2007

Rapture

The Rapture @ Planeta Terra Festival

Desde sua última aparição em terras brasileiras, na edição exclusiva do Tim Festival no Rio de Janeiro em 2003, foram quatro anos de espera e um novo disco lançado, o ótimo Pieces of the People We Love. Fazendo ainda turnê desse álbum, The Rapture veio como grande atração desse festival para fechar o palco "Indie Stage". Obviamente, eles não decepcionaram e quem viu, já que concorria no mesmo horário do Devo, considerou esse como o grande show do festival.
Já passava da meia-noite quando de forma discreta a banda entrou no palco e começou tocando "Down For So Long", que não podia ter mensagem melhor do que seu refrão "I've been searching so long". Matt tem uma segurança incrível enquanto Luke acompanha mantendo a dinâmica dos vocais. Logo depois, Gabriel troca os cowbells e seu teclado pelo inseparável saxofone (ele inclusive entrou e saiu com o instrumento, como se fosse de estimação) e vai a frente para tocar "Get Myself Into It". Sua dancinha lembra mesmo o andar de um avestruz, como li num site há algum tempo atrás (e não lembro qual para colocar como referência). A voz "rasgada" de Jeff é mostrada pela primeira vez e toda as suas perguntas parecem ecoar no galpão em que estava o "Indie Stage". E viria mais porque num transição sutil, com Matt aumentando a inconfudível linha de baixo, chegamos a "Sister Saviour" e os gritos de "Heee-eey!" eram repetidos por todo o público. Daí seguiram as ótimas "Killing" e "The Devil" que mantiveram o público animado.

Mas foi na contagem das baquetas de Vito Roccoforte que todos fãs já estavam pulando ao som de "W.A.Y.U.H.", o grande hit de Pieces of the People We Love. Sua melodia com tendência funk, não deixou ninguém ficar parado por um segundo, contrariando o refrão que diz que as pessoas não dançam mais. Para quem pensava que depois disso teríamos uma breve pausa, logo em seguida Gabriel abandonou novamente os teclados e levou seus cowbells a frente, tocando no ritmo que levou todos ao delírio. Era "House of Jealous Lover", o grande sucesso de The Rapture, e é claro que o público inteiro acompanhou os gritos "Get Doooooown!" de Luke e a contagem de Matt. Impressionante como uma simples música carrega todo aquele movimento dancepunk do começo do século (os anos de 2002 e 2003 mais precisamente), toda a importância do DFA e, claro, a cidade de New York. Depois disso, "Echoes" que dá nome ao primeiro disco e "The Sound" do segundo. Na última música antes do intervalo, Matt assume os vocais e canta transparecendo um grande compromisso com "Pieces of The People We Love", interpretando e apontando para o público.
Após alguns minutos a banda volta para o bis, com a motivadora "Don Gon Do It" na voz de Luke. Uma de minhas músicas favoritas, com um espírito fantástico para iniciar um disco. O público seguiu a seqüência de palmas e segurou a nota durante o "Hiiiigh". Então, Matt sai de trás dos teclados e assume "First Gear" até que, depois de uma breve pausa, Roccoforte e Gabriel disparam "Olio" e sua bateria eletrônica. No desfecho, Luke canta enquanto Matt ensaia sair de palco e voltar para concluir a música. Sem muito papo, os quatro agradecem e vão saindo um a um. O público ainda meio confuso também abandona o galpão com a certeza de ter visto um excelente show.

No mais, foi um festival praticamente impecável. Segurança, iluminação, limpeza, acesso a banheiros, preocupação ecológica. Tudo contribuiu para a boa receptividade do público. Os shows ficaram concentrados no galpão da "Indie Stage", que lembra muito as estruturas do Espaços das Américas (inclusive o som, infelizmente), e no palco ao ar livre e tenda semelhantes aos do Skol Beats, O único problema era que para não influenciar no som de um ao outro, as distâncias entre os palcos acabavam sendo grandes demais pelos horários próximos de uma atração e outra. Claro que é isso que se tem pelo preço cobrado pelo festival, mas seria interessante até para os artistas que não se limitasse tanto o público. Outros shows que consegui ver:
Datarock estava com um som horrível e como não sou fã, resolvi circular.
Jon Carter estava com um set bem bacana até onde ouvi e tocou até "Steady as She Goes".
Lily Allen estava bêbada e um pouco "aérea". Usou de muitas covers no começo do show, entre elas uma versão "reggae-power" pouco inspirada de "Everybody's Changing" do Keane. Ironicamente, foi numa de suas próprias músicas, "Not Big", que ela esqueceu a letra e teve de acompanhar cantarolando. Ela justificou dizendo que não fazia shows há algumas semanas e esse era o último de sua turnê, ou seja, ela veio aqui mesmo para passear e acompanhar o namorado.
Cansei de Ser Sexy reencontrou o público brasileiro! Okay, eu já li isso em trocentos sites. Mas a maturidade que a banda demonstrou é incrível. Lovefoxx bastante empolgada com o público (embora o ajuste de seu microfone não ajudasse a estabelecer qualquer tipo de comunicação), ensinando coreografias e tudo mais. Até uma das outras garotas, que parecem tão tímidas, agradeceu subindo na bateria. Não sou fã do som deles, mas tive de aplaudir a perfomance no palco, principalmente porque é bem engraçado ver a Lovefoxx conversando com o público em português após as músicas cantadas em inglês.
Kasabian entrou ligeiramente atrasado, mas foi bom porque tocou tudo que eu queria ouvir em apenas trinta minutos. Assim como The Rapture, a química entre os vocais é ótima, e depois de "Reason is Treason", "Empire", "Cutt Off" e "Processed Beats" já estava tomando meu caminho para casa.

Fotos: e.fuzii

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